Quando as companhias aéreas começaram a transportar passageiros nos Estados Unidos em 1926, a tripulação desses voos era formada apenas por pilotos e copilotos tão ocupados na pilotagem em si que não tinham tempo de dar a devida atenção aos passageiros.
Por vezes durante o voo, o copiloto deixava os controles da aeronave para dar atenção a passageiros assustados e ajudar os que passavam mal.
Em 1928 uma empresa aérea na Alemanha passou a contratar um terceiro membro da tripulação para ajudar os passageiros, o que permitia ao copiloto permanecer na cabine executando suas obrigações sem interrupção.
Algumas empresas passaram então a contratar atendentes para carregar bagagens, ajudar os passageiros a se acomodarem na aeronave e tranquilizar os que tinham medo de voar. Estes atendentes eram geralmente adolescentes ou homens de baixa estatura.
A profissão que conhecemos hoje como comissário de bordo surgiu em 1930, graças a uma enfermeira americana chamada Ellen Church. Ela era apaixonada por aviação, tinha o sonho de voar, mas era impedida de pilotar uma aeronave comercial por ser mulher. A enfermeira sugeriu a Boeing Air Transport (na época fabricante de aeronaves e linha aérea) que colocasse enfermeiras a bordo de aeronaves para cuidar da saúde e segurança dos passageiros durante os voos.
A Boeing então contratou oito enfermeiras por um período de experiência de três meses. Essas novas atendentes passaram a ser chamadas de “aeromoças” e logo se tornaram integrantes fundamentais de todas as linhas aéreas.
O primeiro voo da então aeromoça Ellen Church foi numa aeronave Boeing 80A com 14 passageiros, de São Francisco a Chicago numa jornada de 20 horas com 13 escalas.
As primeiras aeromoças deveriam ser solteiras e sem filhos, pois os maridos reclamariam de longas horas que ficariam longe de casa, deveriam obedecer a um certo padrão de peso, altura e proporções de medidas, e vestiam uniformes que exibiam a silhueta incluindo salto alto e luvas brancas.
Os requisitos da Boeing em 1930, devido ao porte das aeronaves, eram rigorosos: a aeromoça não deveria ter mais de 1,62 m de altura e deveria pesar menos de 52 Kg.
Era um emprego perfeitamente respeitável para mulheres jovens, mas as primeiras aeromoças eram geralmente mal pagas, tinham benefícios mínimos e estavam em uma posição subserviente a dos pilotos.
![Exigências de apresentação](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_sC6nBQTMw4c4ZEc_-Y6vAy0hFpamdfn2bKuhdHmKnSi8-3tZnWIQmw-mT3CVG7GGRLMbVq5SH76UczTmaTGtB9cH65aXkPa1H56FjqWghXMKyK1z-II7xnBZSCXdF0854KE2WIrcHHWRRDrp_hikTFrxuulrUZUVUa7K-wbP6I98wu-TyQWCebBU0224Uh9M-CoR2JCw5ArrS_cfot1sJwRZ396EyMyLvFGaRJwgVNERKB0ehCldUn8mSEbuJQB-PYEcP0FNhnUyRdOstTvW2ctBj2zmZ66LxatlOfChdK4uM9=s0-d)
Ter aeromoças a bordo de aeronaves fez muito sucesso, pois a mulher era associada à fragilidade e os viajantes tinham a impressão que o avião não era tão perigoso como imaginavam com mulheres compondo a tripulação.
Por volta dos anos 1940, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, as enfermeiras foram convocadas para os campos de batalha, então as companhias aéreas passaram a contratar mulheres que não mais precisavam ter formação em enfermagem, mas mesmo assim deveriam ter nível superior e sem deixar de lado o charme e elegância.
Nos anos 1950 a profissão de aeromoça perdia somente para a de modelo e estrela de cinema na escala de sonho das jovens. A American Airlines, em 1951, recebeu mais de 20 mil inscrições para ocupar as 347 vagas disponíveis para o cargo.
A partir da década de 1970, organizações sindicais começaram a lutar pela exclusão de exigências como a proibição do matrimônio e o limite de idade e restrições quanto ao peso ou à altura. Desde então, a política das principais empresas aéreas tem sido contratar tanto homens como mulheres.
Refletindo as mudanças na profissão, o termo “aeromoça” foi substituído pelo termo “comissária(o) de bordo”.
O número de funcionários homens sobe diariamente, como por exemplo, na Alemanha, onde a profissão de comissário não pertence às chamadas profissões femininas e a taxa de profissionais masculinos ultrapassa 20%.
Hoje em dia os comissários de bordo têm os mesmos benefícios que os pilotos e as linhas aéreas os reconhecem como profissionais cruciais. Além de serem o cartão de visitas da companhia aérea os comissários são agentes de segurança capacitados em lidar com diversas situações de perigo e emergências.
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